Para a moda e para a Dior, o desfile de alta-costura desta segunda-feira (22.01) não aconteceu apenas no primeiro dia da semana de moda. Também aconteceu no aniversário de Christian Dior, que nasceu há exatos 119 anos. Em vida, o estilista revolucionou as silhuetas femininas, mas também deixou um legado de exploração de tecidos.
Foi com essa referência que Maria Grazia Chiuri começou a criação de sua nova coleção couture, “Big Aura”, em que o moiré, tecido ondulado e brilhante, tradicional da Ásia Central, foi protagonista. “Fiquei particularmente atraída por sua aura luminosa”, ela contou nas redes sociais um pouco antes do desfile.
Somada à filosofia de Walter Benjamin (de que o contato com uma obra de arte acompanha uma sensação mística e sagrada) e à ideia de Isabelle Ducrot de que a produção têxtil foi primordial no desenvolvimento humano, o novo desfile Dior focou na base da haute couture: o tecido.
Nos jardins do Musée Rodin, onde a Dior apresenta tradicionalmente seus desfiles couture, Ducrot foi a artista da vez, decorando as paredes do cenário com 23 vestidos de sultões otomanos. Por trás da intervenção, o conceito é de mostrar o poder que transcende o corpo.
Na passarela, tudo isso chegou na forma da experimentação com silhuetas e tecidos – a maioria delas em referência a Le Cigale, o vestido de Christian Dior de inverno 1952, também em moiré. Modelos coloridos, em dourado, azul, borgonha e rosa cruzaram o cenário, com destaque particular para um em amarelo, decorado com a estampa Millefiori. Um deleite para os olhos que adoram texturas.
Jaquetas Bar, como no icônico New Look de 1947 (tema de uma série da Apple TV+ que estreia em fevereiro, vale lembrar), dividiram a coleção com saias fluidas e transparências, além de looks em poás rabiscados. Tudo na aura elegante, que brinca com os tecidos, idealizada para a estação, onde a preocupação vai muito além das tendências.
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