A Sala Tabaris do Teatro Gregório de Mattos (TGM) vai receber, neste sábado (13), às 15h, o evento “Roda Viva – Mulher de Fibra: Minha Voz Ecoa”, que vai contar um pouco da história da participação feminina na Capoeira e incentivar a nova geração de mulheres nesta manifestação cultural, que une arte e luta e que foi herdada dos africanos trazidos ao Brasil. O evento é organizado pela Associação Cultural Bahia Ginga, com apoio da Fundação Gregório de Matos (FGM), vinculada à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult).
Esta é a 5ª edição da atividade e a primeira a ser realizada no TGM, situado ao lado do Cine Glauber Rocha, no Centro. A Roda Viva, reunindo bate-papo e oficina, comemora também os 50 anos de trajetória da mestra Omara. Moradora de Itaparica, apenas ela e mestra Bó assumem esta graduação na região onde vivem, que é a mais alta na Capoeira. Ela estará presente no evento ao lado da mestra Bya, primeira mestra de capoeira do Nordeste de Amaralina – bairro de origem de Mestre Bimba, criador da Capoeira Regional – e vai compartilhar a própria trajetória.
“A capoeira para mim é saúde, energia boa e positiva, harmonia, amizade, diálogo corporal que une as pessoas do mundo inteiro através da música e da cultura e desse diálogo dentro da roda. Eu faço um trabalho há 12 anos com o grupo Escola Semente na Holanda e no ano passado formei a primeira mestra na Holanda. O meu filho de 39 anos hoje é contramestre e a minha neta de 9 anos também pratica a capoeira”, conta Omara Santos, de 64 anos, que já deu aula de capoeira em alguns países da Europa, a exemplo da Itália, França, Alemanha e Suíça.
O evento será aberto ao público, e além do diálogo com as mestras, haverá oficinas ministradas pela Professora Chocolate e Aluna Preta, construção de dados sobre a visão feminina dentro dessa arte e uma roda de capoeira para encerrar o evento com muita ginga e movimento. A entrada é franca, mas os participantes estão sendo convidados a doar de 1kg de alimento não perecível para ser distribuído pela Associação Cultural Bahia Ginga em algum dos postos do Bahia Sem Fome.
Orgulho – Aos 24 anos, Raquel Torres se orgulha em poder organizar um evento como este. “O Roda Viva – Mulher de Fibra surgiu como uma forma de oportunizar a nova geração de mulheres capoeiristas. Eu, de certa forma, tenho o privilégio de praticar capoeira com Mestra Geisa, que sempre abre muitas portas, não só para mim, mas também para outras meninas e mulheres. Então a ideia é tornar as mulheres mais visíveis, mostrando seu trabalho e o que aprenderam com seus mestres, divulgando e perpassando o trabalho destes, mas também, fomentando que a mulher é capaz de estar nesse espaço”, conta.
Ela ressalta a importância de que mais mulheres pratiquem a capoeira. “Um mapeamento coordenado por uma amiga nossa, a capoeirista e docente da Ufba (Universidade Federal da Bahia), Abia Lima, mostra, por exemplo, que na Bahia há apenas 55 mestras de capoeira e 334 pelo mundo. Então, vejo a ocupação feminina nesse espaço importante, principalmente pelo empoderamento, pelo acolhimento entre nós, pelo reconhecimento do dia a dia, na roda da capoeira e na vida”.
Diversidade e inclusão – Nos últimos anos, o TGM passou a acolher diversas ações produzidas por grupos, artistas e instituições das comunidades do entorno. “Nos tornamos mais diversos e inclusivos. E fazer política pública para cultura se trata disso, garantir acessos e oportunidades para fruição plena na sociedade. Nós temos desenvolvido, na gestão dos espaços culturais, diversas ações focadas na democratização do acesso e garantia da diversidade, tanto do público que frequenta os espaços, quanto dos agentes culturais e suas obras, espetáculos e ações como todo”, conta Moisés Victório Castillo, diretor do TGM.
Para ele, eventos como a Roda Viva contribuem no enfrentamento e na luta contra as desigualdades de gênero, machismo e outras formas de violência correlatas, dando um passo importante na construção da igualdade, equidade e no empoderamento de todas as mulheres.
“Nós, do Teatro Gregório de Mattos e FGM, estamos muito felizes e realizados por sermos parte de todo esse movimento. Os espaços culturais são importantes ferramentas na construção de uma sociedade mais justa, plural, diversa, consciente de si e dos seus, que se reflete nos modos de ser, e contribui para dignidade, do nosso povo”, completa.
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